As relações humanas são perpassadas por conflitos que promovem o desenvolvimento do indivíduo, a partir do momento em que reflexões acerca do seu agir são realizadas, provocando mudanças no seu ser e fazer. Tomando o trabalho sob a perspectiva de uma atividade conflituosa, esta pesquisa analisa, ancorada na Linguística Aplicada indisciplinar e mestiça (MOITA LOPES, 2013), as representações do agir docente de um engenheiro-professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), a partir dos conflitos provenientes das suas experiências pessoais e profissionais na Engenharia e na Docência. Para tanto, nos fundamentamos nos pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 1999) que tem o desenvolvimento humano (VYGOTSKY, 2007 [1984], 2008 [1987]) como uma das suas bases epistemológicas e na Clínica da Atividade (CLOT, 2010), que aborda o conflito como gerador de desenvolvimento sob o olhar vigotskiano. Os dados gerados via questionário, com perguntas que versavam sobre a sua vivência como engenheiro e como professor, foram analisados por meio de duas categorias linguísticas do ISD: os conteúdos temáticos e as modalizações. Assim, a análise apontou para os seguintes aspectos: a importância do texto na compreensão do trabalho docente, a necessidade de entender como as construções sociais e individuais, o espaço e o tempo influenciam o/no processo de (des)construção identitária, a urgência em transformar a dualidade da Engenharia e da Pedagogia em complementariedade, a fim de que a atividade do engenheiro-professor não perca de vista o lado humano do aluno e sobretudo, do papel dos conflitos como retroalimentador das profissões.
Formação do engenheiro-professor. Conflitos. Desenvolvimento humano. Linguística aplicada
